"Foi para ti que desfolhei a chuva. Para ti soltei o perfume da terra, toquei no nada e para ti foi tudo. Para ti criei todas as palavras e todas me faltaram no minuto em que talhei o sabor do sempre. Para ti dei voz às minhas mãos, abri os gomos do tempo, assaltei o mundo e pensei que tudo estava em nós, nesse doce engano de tudo sermos donos sem nada termos."
Mia Couto, em "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
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