quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Imagino-te...

Regressas, nas asas da noite, como anjo perdido num céu qualquer. 
Voltas, com o vento que sopra do Centro Sul, para acalmar a minha vida a Norte. 
Escorres, como a chuva, pelo meu corpo que se entrega à tempestade. 
E sinto-te, sem que me toques, como se fosses nada, invadindo todo o meu ser. 
Dás-me de beber, como se fosses fonte de água fresca, que acalma o calor do Verão. 
Cantas-me ao ouvido, como se de música fosses feito. 
Acaricias-me a alma, com a tua voz, inaudível, que apenas eu escuto. 
Quebras em mim o silêncio dos passos perdidos num caminho que trilho em busca de ti.E é na madrugada da vida que te encontro, como utopia, como desejo por concretizar, como aposta perdida, como quadro por pintar. 
Afinal, é-me sempre permitido sonhar, mesmo quando os sonhos não passam disso mesmo, mesmo quando a realidade ofusca o brilho da esperança, mesmo quando, já não tenho forças para acreditar. 
Agarro-me, ao corpo desnudo que inventei, sinto como meus os relevos da tua pele, inalo os aromas que criei para ti, e faço-te, Homem, diante de mim... 
...moldando com minhas mãos o ar, o vazio, como se ganhassem formas voluptuosas de ti próprio. Contornos que apenas eu sei, imagens que apenas eu vejo. 
E amo-te, como só o criador pode amar a sua criação, como só o poeta percebe a dor do seu poema, como só o artista compreende a sua arte.

In My Memories...(ALindaSereia)

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