sábado, 4 de dezembro de 2010

Fábula das feras...


"Noite quente... Luar cheio e sereno.
Apresenta-se ao horizonte soberbo.
Ouve-se duas feras ranger os dentes.
Som temeroso, selvagem e sedento.

Uma se avista ao alto da montanha,
Brilho de pele e olhos de cor negra,
Mostra-se ser caçadora... A pantera.
Fica imóvel, à espreita de sua presa...

Outra se sabe, que na clareira abaixo, encontra-se.
Movimentos do caminhar, encantam o astuto felino.
Em tons de amarelo, que circulam as negras manchas.
Avista-se na suavidade da claridade, o leopardo.

A Pantera fareja, avança se precipita e salta.
A frente esbarra ao toque do gélido focinho.
Distrai-se e é abocanhada ao pescoço, sem piedade.
O sangue escorre rubro... A lambuzar sua língua.

O duelo iniciou em ritmo intenso e desenfreado.
Enfrentam-se e enroscam-se os felinos, ao relento.
Expõem o leopardo, suas presas longas e afiadas.
Visualiza a fera negra, ensanguentada e dilacerada.

A fera da cor negra, estremece e se altera.
Com a mordida audaciosa, imóvel se apresenta.
Delira na vasta mata, de um universo transitório.
Finge-se para dar o bote... Vencida e dominada.

E quando a fera dos tons amarelos e negros,
Acredita que a negra pantera, foi vencida...
Reage e revida, rolando quase ao infinito precipício.
Usa de suas garras, com sabedoria e afinco.

A ferida encontra-se, na pele adormecida.
Revidando assim em outra suculenta mordida
Extasiando o leopardo, que por fim sentiu-se atraído.
As feras transformaram a mordida, em um beijo erotizado.

Recheados da essência viva, do rubro sangue,
Os felinos jogaram-se precipício abaixo...
Afundando levemente, num rio de águas quentes.
Onde a fêmea devorava o seu macho...

Molhados pelo cio e pelas águas cristalinas,
Suas línguas se cruzavam, seus pelos se fundiam.
Rugiam, ecoando pela paisagem bucólica.
Aquela rubra paixão se enternecia.

Nadaram então às margens daquele rio,
Onde enfurecidos fitavam os olhos, um do outro.
Precisavam dos toques assasses e bravios,
Almejavam seus desejos mais saborosos...

O leopardo num pulo intrépido,
Abocanhou agora o pescoço de sua fêmea.
Lambuzando-a todo famélico;
Inundando-a num fogo que incendeia...

Aquelas peles macias, plumosas amareladas,
Confundiam-se com a pantera em negridão.
E por trás de sua fêmea encantada,
O leopardo copulou até sua exaustão...

Os rugidos selvagens da pantera,
Eram ouvidos por toda a floresta;
Sacudindo as estruturas daquela era.
Até os lupinos apreciavam tal festa.

As garras amareladas do felino,
Rasgavam o lombo da pantera.
Ela mostrava suas presas em desatino
Desejando seu amor... Sua fera.

Nessa cópula animalesca de puro cio.
O gozo abrandava as nuvens alvas,
Fazendo-se uma tempestade no céu anil.
Agraciando tais seres dessa fábula!..."


 

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