A madrugada é maior que eu. Desordeiramente supera-me. Supera os seis ou sete andares da minha arquitectónica ansiedade. Põem-se enormes, soberbas, as madrugadas. Sento-me aqui, na banheira. preferindo a fria solidão dos azuleijos. Como se fosse o último dia do ano. Escrevo que um dia não existiu um dia. A lápis...!!
Escondo-me. Guardo os meus olhos do mundo
Escapo, no desassossego das minhas palavras.
Desabrigada, nudez de alma e coração...
Em recato...
Sonho-te, oh beijo de ontem!!!
Consomes-me a boca deslealmente, desenfreadamente.
Deleito-me num afago infinito de prazer e fuga
Importará o corpo dorido, as mãos trémulas e a alma fugidia num lugar perdido e remoto?
No entanto, descansarei... sim.... sim, e a lucidez será natural como o curso das águas
É tudo apenas um sonho, descansa!
E os meus olhos exaustos do sonho anseiam por entregar-se ao estéril.
Este encerrar palavras nos espaços vazios de mim mesma...desabrigada.
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