Num outro qualquer lugar, num outro qualquer tempo, sob uma outra qualquer figura, amei-te. No relógio, o pêndulo marcava as horas do tempo comum, os minutos do tempo estrelar, os segundos do nosso tempo. As nuvens, em chuva, acariciavam as rosas que perfumavam o altar que o Amor nos erguia. Acordados pela suavidade do sol no abraço em que adormecemos, num beijo despertávamos o dia que, paciente, nos esperava. Dançavam as gaivotas, dançavam os corvos, dançávamos os dois, sob o azul que encantava. Amávamo-nos.
E parou o relógio num outro qualquer nosso dia. As figuras imortalizaram-se nesse lugar onde o Amor nos venerou. As horas do tempo comum tomaram-se dos minutos, dos segundos, que haviam, gentilmente, oferecido. No vento, o incenso dos corpos que enterrámos agita os ramos dos ciprestes. Do brilho das estrelas, dissipa-se o beijo das nossas almas num canto celestial. E escasseiam os minutos e páram os segundos. Marca, harmoniosamente, o pêndulo as horas, celebrando mais um dia, um outro dia do nosso tempo neste outro lugar. Ajoelha-se o Amor.
Noite_Saudade
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