sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A Hipocrisia dos seres Humanos




Para aqueles que se dizem inteligentes, cultos e letrados demais, aqueles que recorrem ao dicionário, vulgo “Pai dos Burros” para tudo, encontrarão no Aurélio a seguinte definição:

Hipocrisia - s.f. Vício que consiste em aparentar uma virtude, um sentimento que não se tem. / Fingimento, falsidade.

Sim, meus queridos leitores. Isso é hipocrisia.

Acredito que todo ser humano já precisou ser hipócrita em alguma ocasião. A hipocrisia faz parte do mundo real. Faz parte do mundo dos 'adultos', que tentam se virar e alcançar seus objetivos.

Podemos ser hipócritas para não magoar alguém, para não ofender, para conseguir favores, para conseguir um trabalho. Existem várias ocasiões onde o ser humano faz uso da hipocrisia, sem causar mal a ninguém, ou, na pior das hipóteses, causando o menor dano possível.

O grande problema é que existem pessoas que fazem uso descontrolado desta palavra, HIPOCRISIA. E, pior, fazem uso exagerado de seu significado, em seu dia-a-dia.

Inspiram e expiram virtudes, sentimentos, convicções que, claramente não possuem.

Castelos de cartas que desmoronam com qualquer brisa leve.

Flores velhas que perdem as pétalas ao menor toque.

Solo infértil, onde nada floresce.

Os hipócritas buscam envolver, como a serpente que cegou Eva e a fez comer a maçã, sendo expulsa do paraíso.

Tentam conquistar pessoas e sentimentos, utilizando-se de suas falsas virtudes. Seus falsos sentimentos. Sua falsa moralidade. Seu falso caráter.

Podem dizer que amam, adoram, 'idolatram', com uma facilidade tremenda.

“Eu te amo. Fica comigo.”

“Eu te amo, mas não quero te dividir.”

“Eu não queria descobrir que te amo em meio a essa confusão.”

“Não quero que me escolha, longe de mim te pedir para escolher. Mas eu acho que te amo.”

Dizem-se donos da verdade. Donos dos sentimentos mais puros e limpos. Nobres, impolutos, imaculadamente bons.

“Eu só queria te ajudar, você que não entendeu.”

“Quero te abrir os olhos.”

Mentem de forma convicta. Tão convicta que, eles mesmos, os hipócritas, acreditam em suas mentiras. Que se tornam, para eles e para todos os que conseguem envolver em suas artimanhas, verdade absoluta.

Choram com a mesma facilidade e maestria que atores encenando Shakespeare.

Podem ser Romeus, Julietas, Hamlets, Otelos, Ofélias e toda gama de personagens que lhe convier em cada peça encenada. Encenada não! VIVIDA! Porque eles vivem intensamente os falsos sentimentos e as falsas verdades.

Dizem “eu te amo” como quem diz “vou ao mercado”.

Amam e “desamam” com a mesma facilidade.

Mudam o objeto de desejo em poucos dias, passando a amar loucamente o próximo alvo. A próxima vítima.

Dizem-se racionais. Acreditam em destino. Mas acreditam mais ainda que, com sua hipocrisia, conseguem mudar o destino do mundo, manipulando pessoas e sentimentos, usando-os como objetos, peças de um jogo de xadrez.

Choram desconsoladamente, ao vivo, ao telefone, por fax, sinal de fumaça. Choram e afirmam serem sempre vítimas de inveja, alvo de atiradores de elite.

Cercam, enrolam, se dizem traídos.

Ser a vítima é uma das principais armas do hipócrita.

Manipulam, magoam, ferem, sem dó. Apenas para satisfazer seu ego insano.

Mas quando percebem que não estão conseguindo seus objetivos... Quando percebem que, apesar de sua hipocrisia, são burros demais para conseguir envolver e manter seu disfarce... Quando percebem que as pessoas não caem em suas conversas mentirosas e sem nexo, mudam de tática.

Passam a desprezar, falar mal. Enfiam os pés pelas mãos e, facilmente, são desmascarados e descobertos pelas pessoas.

E quando são desmascarados... Quando as máscaras finalmente caem ao final do baile... E eles são vistos como realmente são. Quando os Romeus e Julietas Shakesperianos se mostram verdadeiros Shylocks, prontos para 'comer' a carne de suas vítimas... Quando suas mentiras já não enganam mais ninguém...

Aí, eles se escondem, somem, fingem desaparecer. Afinal, o hipócrita se envergonha, minha gente.

Desaparecem. Mas não pensem que o hipócrita está morto. As cobras precisam ter suas cabeças esmagadas para morrerem de verdade.

De repente, ele reaparece, Shylock em pele de cordeiro, com um novo alvo, mais um 'pobre coitado' que ainda não descobriu a máscara da hipocrisia que envolve aquele rosto tão aparentemente confiável.

Cuidado. Porque uma bela hora, quando você menos espera, o hipócrita aparece novamente, tentando lançar seu veneno sobre você. Ou, quem sabe, exigindo um pedaço de sua 'carne', com o risco de beber seu sangue na negociata.

Danielle Sgorlon

1 comentário:

sem rumo disse...

Alexandre O'Neill descreveu-os bem em "Os Convencidos da Vida"...
E assim andamos todos mergulhados neste mundo hipocritamente dito redondo…